terça-feira, 17 de janeiro de 2012

OS COLABORADORES NA ORDEM


ESTATUTOS GERAIS DA ORDEM HOSPITALEIRA

20. A hospitalidade segundo o estilo de S. João de Deus transcende o âmbito dos Irmãos que professaram na Ordem. Promovemos a visão da Ordem como “família hospitaleira de S. João de Deus” e acolhemos, como dom do espírito nos nossos tempos, a possibilidade de compartilhar o nosso carisma, espiritualidade e missão com os colaboradores, reconhecendo as suas qualidades e os seus talentos.
21. Desde o princípio, a Ordem tem tido colaboradores, que participam nas iniciativas e Obras Apostólicas, realizando os seus fins e a sua missão.
Para efeitos dos presentes Estatutos Gerais, os diferentes tipos de Colaboradores na Ordem são:
a) Trabalhadores: São as pessoas que expressam a sua capacidade de serviço ao próximo nas Obras Apostólicas da Ordem, com um contrato laboral.
b) Voluntários: são as pessoas que dedicam parte do seu ser, isto é, do seu tempo, de forma generosa e desinteressada ao serviço da Ordem e das suas Obras Apostólicas.
c) Benfeitores: são as pessoas que ajudam econômica, material e/ou espiritualmente a Ordem.
d) Outros: as pessoas que se vinculam de diferentes modos à Ordem, em conformidade com os presentes Estatutos.
22. Os Colaboradores podem estar vinculados com o carisma, a espiritualidade e a missão da Ordem por um ou vários destes níveis:
• através do seu trabalho profissional bem feito;
• através da sua adesão à missão da Ordem, a partir dos seus valores humanos e/ou convicções religiosas;
• através do seu compromisso de fé católica.
23. Devemos ajudar os nossos Colaboradores a integrar os seus valores profissionais com as qualidades humanas e cristãs necessárias para a assistência aos enfermos e necessitados.
Por isso, as Cúrias Provinciais e as Obras Apostólicas devem definir os cri Apostólicas devem definir os critérios e as normas para que se respeitem os valores da hospitalidade quanto à seleção, contratação, formação nos princípios e valores da Ordem e no acompanhamento dos Colaboradores, sobretudo para os cargos de maior responsabilidade.
24. A Cúria Geral, as Províncias e as Obras Apostólicas devem organizar programas, cursos e jornadas de formação para Irmãos e Colaboradores – incluindo, na medida do possível, os trabalhadores de empresas externas – sobre os princípios, os valores e a cultura da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus. As Escolas de Hospitalidade são uma ferramenta adequada para conseguir este fim.
25. Alguns Colaboradores participam de forma ativa na direção e gestão da missão apostólica das Obras Apostólicas, das Províncias e da Ordem segundo o que o nosso direito próprio estabelece.
Os Definitórios Geral e Provincial estabeleçam as modalidades para regular a referida participação.
26. Os Colaboradores que se sintam chamados a uma participação mais ativa no carisma, na espiritualidade e na missão da Ordem juntamente com os Irmãos, podem constituir organizações ou movimentos nas Províncias.
Estes devem ter estatutos ou regulamentos próprios e protocolos de afiliação que devem ser aprovados pelo Definitório Geral, sob proposta do Superior Provincial, com o consentimento do seu Conselho.
O Superior Geral e o seu Conselho coordenem as diversas iniciativas das organizações ou movimentos criados nas Províncias.
27. As Províncias que o julguem oportuno, podem aceitar nas suas Comunidades, com o nome de Oblatos, as pessoas que, na nossa Ordem, queiram dedicar a sua vida ao serviço de Deus, dos enfermos e necessitados. O Superior Provincial, com o consentimento do seu Conselho, deve definir a normativa que há de regular a sua vida.
28. As Províncias podem constituir Comunidades, de forma provisória ou permanente, para compartilhar alguns aspectos da sua vida religiosa hospitaleira com os Colaboradores. O Superior Provincial e o seu Conselho definam as normas que hão de regular as ditas Comunidades.
29. A Hospitalidade impelenos que façamos participantes dos bens espirituais da nossa Ordem a pessoas e grupos. Por isso, o Superior Geral, em nome de todo o Instituto, pode agregar à Ordem pessoas físicas e jurídicas, propostas pelo Definitório Provincial, mediante a concessão da Carta de Irmandade.
As condições são:
·           professar a fé cristã;
·           manter uma conduta exemplar nos costumes e na vida familiar e profissional;
·           ter manifestado estima pela nossa Ordem, cooperando de maneira notável nas suas obras de hospitalidade.
 30. Às pessoas e grupos não incluídos nos artigos precedentes que, animados pelo exemplo de S. João de Deus e da sua ação misericordiosa, participam de maneira notável na missão da Ordem, o Superior Geral, sob proposta do Definitório Provincial, expresse a gratidão da Ordem no modo que se considere mais adequado.

OS VALORES DA ORDEM HOSPITALEIRA DE SÃO JOÃO DE DEUS

HOSPITALIDADE
A hospitalidade é o nosso valor central que se exprime e concretiza nos quatro seguintes valores-chave: qualidade, respeito, responsabilidade e espiritualidade.


QUALIDADE
Excelência, profissionalismo, assistência holística, consciência das novas necessidades, modelo de união com os nossos Colaboradores, modelo assistencial de S. João de Deus, arquitetura e mobiliário acolhedores, colaboração com terceiros.


RESPEITO
Respeito pelo outro, humanização, dimensão humana, responsabilidade recíproca com os nossos Colaboradores e Irmãos, compreensão, visão holística, promoção da justiça social, dos direitos cívicos e humanos, envolvimento dos familiares.


RESPONSABILIDADE
Fidelidade aos ideais de João de Deus e da Ordem, ética (bioética, ética social, ética administrativa), defesa do ambiente, responsabilidade social, sustentabilidade, justiça, distribuição equitativa dos nossos recursos.


ESPIRITUALIDADE
Serviço de pastoral, evangelização, oferta de assistência espiritual para pessoas de outras religiões, ecumenismo, colaboração com paróquias, dioceses, outras confissões religiosas.

HOSPITALIDADE

 A Ordem exprimiu tradicionalmente o carisma recebido com a palavra “hospitalidade”. Este termo não só não perdeu a sua capacidade expressiva nos dias de hoje, mas é proposto por alguns como uma categoria fundamental da nova moralidade para o nosso tempo. Por isso, é importante refletir sobre ela, considerando-a o eixo em volta do qual gira a espiritualidade peculiar da Ordem.


O que é a hospitalidade?
A hospitalidade fala-nos das relações que se estabelecem entre um hóspede e a pessoa que o acolhe (anfitrião ou anfitriã). Nessas relações, há obrigações e responsabilidades recíprocas. O hóspede e o anfitrião estão numa relação mútua: não existe um sem o outro. O hóspede é um ausente que, em qualquer momento, pode tornar-se presente e reivindicar o seu direito de hospitalidade. Nos casos em que vigoram as leis da hospitalidade, o ausente tem direitos perante o anfitrião (ser acolhido) e o anfitrião, ainda não constituído enquanto tal, tem deveres em relação ao hóspede que se lhe apresenta (acolhê-lo).
Não é fácil explicar o motivo que leva os seres humanos a serem hospitaleiros. Em todo o caso, a relação de hospitalidade não é automática, pois o hóspede pode ir-se embora, e o anfitrião pode recusar-lhe o acolhimento; mas também não é arbitrária, dado que o anfitrião sente-se moralmente obrigado a receber um hóspede, mesmo que ele se torne impertinente.
A característica fundamental da hospitalidade é o acolhimento e o reconhecimento do hóspede por parte do anfitrião; no entanto, esse reconhecimento e acolhimento têm características especiais:
A hospitalidade é virtualmente universal. Qualquer pessoa pode ser um hóspede; reconhecê-la como hóspede pressupõe que se dê um passo muito importante no sentido do reconhecimento de todos os seres humanos como hóspedes virtuais. Qualquer pessoa no mundo tanto pode ser um hóspede como um anfitrião virtual. Em muitas culturas é proibido perguntar ao hóspede qual é o seu nome ou a sua proveniência, como se ele fosse uma representação simbólica do ausente. A proteção do anonimato do hóspede é o sinal de que em cada hóspede vemos qualquer pessoa do mundo. Os nossos deveres para com os visitantes que vêm ao nosso encontro são muito concretos. Mostrar um certo desinteresse por conhecer o seu nome, procedência ou estirpe não significa desprezo; pelo contrário, pressupõe disposição para uma hospitalidade aberta a todo o mundo.
A hospitalidade revela um alto sentido da moralidade e da política. O hóspede não é recebido apenas como um determinado indivíduo, mas também como embaixador substituível, como representante de outros; uma vez que os seres humanos constituem grupos, comunidades, sociedades e nações, cada indivíduo está inserido nesses agrupamentos. A hospitalidade confronta-nos, por isso, com algo que tem um significado ético e político notável: o acolhimento do estranho, do outro, daquele que não pertence “aos meus”. A hospitalidade é reconhecimento “dos diferentes”: aceitamos que o hóspede seja diferente de nós. Damos-lhe liberdade para discordar de nós.
A hospitalidade é virtualmente sagrada. Na cultura de muitos povos, sente-se que esse “outro”, que é o hóspede, está revestido de mistério. Está envolvido por um certo caráter sagrado. O hóspede pode ser um deus. A hospedagem dos deuses é um tema que surge muitas vezes na mitologia grega, na Bíblia e na tradição de muitas culturas diferentes umas das outras. Os deuses – é comum dizer-se – assumem frequentemente formas irreconhecíveis e pedem ajuda aos seres humanos. A Carta de S. Paulo aos Hebreus recorda-nos que alguns tinham dado hospitalidade a anjos, sem o saberem (Heb 13, 2). Deste modo, sanciona-se religiosamente o direito de hospitalidade: é preciso que nos comportemos com os estranhos como se tratasse da visita de um deus. A figura do hóspede está coberta por uma ambiguidade que a apresenta como um lugar incerto, no qual se põe em jogo para nós algo que é importante. É, ao mesmo tempo, um lugar de temor e desejo. O hóspede torna-se símbolo de mediação entre duas esferas diferentes. No acolhimento do hóspede, verifica-se um encontro entre seres de ordens diversas: o divino, o distante, o ilimitado e inconcebível, são acolhidos num âmbito humano. Por vezes, este encontro tem o caráter de uma irrupção violenta que destrói a ordem acostumada e desestabiliza o espaço familiar; em qualquer caso, acontece sempre algo imponderável e desconcertante.
A hospitalidade é um acontecimento. É imprevisível e incontrolável. Não sabemos quando ela terá lugar, nem conhecemos a pessoa que será nosso hóspede. O anfitrião está sempre preparado porque, no momento mais imprevisto, o Hóspede pode bater à porta.
Cada encontro de hospitalidade é único e implica a atenção a dar a uma pessoa concreta; tem de ser realizado e interpretado segundo as características das pessoas que exercem as funções de hóspede ou de anfitrião. Os deveres do hóspede e do anfitrião são gerais, mas são levadas a cabo no âmbito de um horizonte limitado e finito. Uma pessoa pode estar disposta a cumprir as obrigações que a atenção impõe em todos os momentos, independentemente das suas peculiaridades, em virtude do fato de ele pertencer ao gênero humano; mas estas exigências não se tornam presentes a não ser na forma de um ser particular. Um anfitrião que estivesse à espera de um hóspede universal, que fosse o único capaz de merecer verdadeiramente a sua atenção, e rejeitasse acolher todos os visitantes que batessem à sua porta, por nenhum deles realizar plenamente a condição humana, estaria a negar o acontecer da hospitalidade.

O MENDIGO QUE NÃO ERA POBRE

Ocorreu que um homem, desconfiado de João de Deus e da "loucura" com que dizia levar a sua vida - porque para muitos trata-se de verdadeira loucura abandonar a própria vida em favor dos outros - quis testar a João de Deus para saber se ele realmente usava as esmolas que conseguia para cuidar dos pobres.
 
Ao ver João de Deus aproximar-se pelo caminho, deu-lhe uma esmola. Saiu dali apressadamente, vestiu-se de mendigo a fim de lhe testar a caridade e foi para a beira do caminho solicitar ajuda a São João de Deus. Qual não foi a surpresa do homem quando João de Deus tirou dos bolsos tudo o que tinha e entregou-lhe tudo sem hesitar. Com isso, o homem converteu-se, aderiu a causa do Santo e passou a ser Colaborador de sua obra.

AS CORTINAS QUE ALIMENTAM OS POBRES


Certo dia, chegando João de Deus a casa de um rico, percebeu ele que as janelas de sua casa possuiam belas cortinas. Todas elas aveludadas e grossas.
É sabido que na Espanha, assim  como em toda Europa, os invernos são muito rigorosos e milhares de pessoas acabavam morrendo de frio por serem muito pobres. Os mesmos pobres os quais cuidava São João de Deus.
Observando aquilo, João de Deus disse ao homem que enquanto as janelas de sua casa eram cobertas por cortinas luxuosas, com tecidos finos, os seus pobres morriam de frio por falta de roupas.
O homem sentiu-se tão envergonhado com tal comentário, que mandou que fossem retiradas todas as cortinas da casa e serem entregues a João de Deus.
Ao recebê-las, João de Deus agradeceu-lhe. E imediatamente perguntou ao homem se não gostaria de comprar as tais cortinas, pois estava precisando de dinheiro para os pobres

ORAÇÃO A SÃO JOÃO DE DEUS

Senhor, que inflamastes São João de Deus no fogo da caridade para que fosse na terra o Apóstolo dos pecadores, Socorro dos pobres e Saúde dos doentes; no céu o constituístes Alívio dos que sofrem, Padroeiro e Modelo dos profissionais de saúde. Concedei-nos, por sua intercessão, a graça que neste momento vos pedimos, prometendo imitá-lo nas suas virtudes, na construção do Vosso Reino de Paz, Justiça, Amor e Misericórdia. Por nosso Senhor Jesus Cristo Vosso Filho na unidade do Espírito Santo. Amém.